terça-feira, 27 de novembro de 2007

Teatro e música, que mistura legal!

Propus esse mês uma atividade despretenciosa à minha classe. A idéia era cantar e brincar, além de aprender uma música diferente. Escolhi a música negro gato, de Roberto e Erasmo, gravada nos tempos da Jovem Guarda e regravada agora. Levei a letra e o cd e fui ensinando a música às crianças estrfe por estrofe. Logo no início, notei que uma estrofe elas cantavam com mais intensidade e logo aprenderam (Sete vidas tenho para viver/ sete chances tenho para vencer/ mas se não comer acabo num buraco/ eu sou um negro gato). Aquele fato ficou martelando em minha cabeça. Como podia? Os alunos estavam entendendo a metáfora e se colocando no lugar do gato negro, marginal? São criança de periferia, onde as condições de vida são difíceis. Só por esse fato já teria valido à pena trabalhar com essa música. Eu nada precisei dizer, entenderam por si próprios que teriam chances sim, de mudar suas situações de vida. Ao longo do aprendizado da letra, disse-lhes que poderiam dançar se quisessem. Perguntaram se poderiam subir na mesa, já que no telhado como o gato seria mais difícil. Permiti. Eles, então se soltaram. Passaram a dançar, fazer gestos conforme a letra da música e se comportar como gatos mesmos. Eles se entregaram pra canção de corpo e alma. E foi tão lindo ver o modo como combinavam ações e a força com que cantavam, que resolvi oferecer aquela canção como presente de aniversário pra escola. Estava preocupada que deveria organizar algo pra presentiar a escola no seu 13º aniversário. Não tive trabalho algum. Precisei apenas abrir os olhos e ver. E sem trabalho algum estava pronta a melhor apresentação da minha turma esse ano. Fizemos máscaras negras para usarem nos olhos. No dia da apresentação eu ganhei o meu maior presente: uma aluna que nunca participava nem interagia com os colegas veio à escola e dançou, cantou e se mostrou pra todos. Descobri nesse momento que a música pode operar milagres e mudanças indescritíveis em nossa vida. O bacana foi unir o trabalho de duas interdisciplinas, mesmo que sem querer e obter um resultado tão surpreendente e valoroso.

Ludicidade

No final de semana assisti dois filmes lindos que me impressionaram e que muito têm ver com esse fórum, mesmo não tendo como foco principal o sonho. O primeiro foi "O Fabuloso destino de Amelie Poulan", que conta de um jeito muito criativo a história de uma mulher que transforma sua vida ajudando outras pessoas a realizarem sonhos ou resolverem problemas que ficaram por muito tempo guardados. Fazendo isso, ela acabou resignificando sua existência e tornando sua vida mais bonita. O que me impressionou foi a maneira como a personagem age, sem se deixar identificar. As pessoas não sabiam ao certo como ou porquê tudo estava acontecendo, mas ficavam felizes pelo resultado do que viviam naquele momento. Pude ver na ficção um sentimento e uma situação que acontece conosco na vida real. Um sonho que fica guardado, sem a tentativa de realização pode ser a corda que nos segura e não nos deixa viver intensamente a vida. Na hora em que esse mesmo sonho se abre e que tentamos realizá-lo, só o movimento da tentativa já dá um novo significado a nossa existência e nos faz andar novamente. O outro filme foi "Uma Ponte para Terabítia", que conta a história de um menino excluído na escola e em casa que com a chegada de uma nova colega (que também sofre rejeição na escola) descobre o quanto sonhar, imaginar, inventar é importante. Eles criam um mundo imaginário, com príncipes e princesas, heróis e vilões, num bosque próximo às suas casas. Esse lugar real, onde o mundo imaginário se instala passa a ser o refúgio dos dois, o local secreto, o mundo particular. Interessante é que o menino só se dava o direito de sonhar quando desenhava e tinha medo de enfrentar a vida e seus problemas. A partir das 'viagens' à Terabítia, começa a mudar a postura diante de sua família e colegas, torna-se mais feliz e consegue entender melhor sua própria vida. Hoje, relendo o diálogo do texto "Principe dos Sonhos", retomei as imagens dos filmes e vi que tanto o texto quanto os filmes queriam me dizer algo: que por mais dura que seja minha vida, não posso jamais deixar de sonhar, de acreditar nos meus sonhos e de lutar por eles, senão minha vida estaciona em um ligar qualquer e lá ficará esquecida. Isso é pior que morrer. Achei importante transcrever ees depoimento do fórum pra cá, porque não conseguiria dizer melhor o que aqui escrevi. O material que tenho lido, as atividades que proponho às crianças a partir dessa interdisciplina têm dado uma cara nova às minhas aulas e deixado minha turma mais feliz. Vejo a diferença na aprendizagem dos alunos. Descobri que rir e fazer rir é muito bom e que não siginifica que não estou levando a vida a sério. Brincar não é perder tempo. Brincar e sonhar e dar outro significado às aulas e à vida. É fazer de um outro jeito, mais prazeroso e feliz o que antes era tedioso e cansativo. Nunca imaginei que poderia mudar tanto meu jeito de ser e pensar a partir dos ensinamentos da faculdade.

teatro

Após as primeiras leituras e a realização do inventário, comecei a ler um livro sugerido pela professora de teatro, de uma senhora chamada Olga Reverbel. Li boa parte do material e comecei a lembrar-me de fatos que havia esquecido, mas que estavam guardados em algum lugar na minha cabeça. Lembrei das aulas de teatro que tive durante o curso de magistério a mais de vinte anos atrás e de como eu adorava atuar, das peças que em que atuei na escola e do quanto aquilo tudo foi importante pra minha formação pessoal e profissional. Algo em mim se acendeu, a partir dessa interdisciplina. Tive uma enorme vontade de fazer aquilo de novo. Sugeri na EMEI onde trabalho, que nós professores fizéssemos um teatro em homenagem ao dia da criança. Foi difícil, num primeiro momento, encontrar parceria. Algumas colegas diziam que não queriam pagar mico diante das crianças. fui insistindo com uma com outra até que consegui convencê-las. Transformamos a história da Chapeuzinho Vermelho em teatro apresentamos, sem ensaios, pois não tivemos muito tempo. As crianças amaram! E eu saí dali encantada. Descobri em mim uma nova habilidade... Então resolvi "aprontar" de novo, só que na outra escola. Menos de um mês depois, lá estava eu, encarnando o lobo novamente, em outro trabalho, que exigiu de mim mais concentração e muita leitura do texto, já que o lobo era o narrador e o protagonista da história. Quando nos foi solicitado pela interdisciplina de Literatura que contássemos uma história, fui logo pensando nessa teatralizada e trouxe para o PEAD. Foi maravilhoso! Descobri o quanto é importante pra mim e, acredito para outros professores, essa aproximação com o teatro. Fiquei imaginando o quanto seria prazeroso oportunizar aos meus alunos a possibilidade de sentir o que eu senti quando a peça acabou e todos vieram nos comprimentar. E para as crianças penso que é mais simples, pois atuar no mundo do faz-de-conta é parte da realidade delas. Sei que depois desse semestre nunca mais serei a mesma. Essa disciplina mudou completamente a minha maneira de ver as coisas. Achava que fazer teatro com as crianças era complicado, envolvia cenários, dinheiro, muito ensaio... Vi que com pouco se faz muito, que teatro não é só aquela dramatização, ensaiadinha, com as falas decoradas. Teatro é deixar a emoção fluir, permitir que o corpo voe, mesmo sem sair do chão, nas asas da imaginação. Teatro é a gente se permitir ser algo ou alguém, sem a cobrança da perfeição, é percorrer um outro caminho sem nos desviar do nosso, é sonhar acordada e acordar para o real. A partir desse momento o teatro fará parte da minha vida e da vida dos meus alunos para sempre, porque sonhar e viver a emoção do sonho já é possível e permitido. Obrigada professoras por cortarem minhas correntes e me fazerem livre pra voar e me transformar em alguém melhor.

domingo, 4 de novembro de 2007

Artes Visuais

Coincidência! Estou trabalhando a história da arte com meus pequenos da classe de alfabetização e fiquei muito feliz quando abri a aula de artes na temática 5 e vi um breve histórico... fiquei muuuuuuito feliz. Parecia que a professora estava lendo meus pensamentos. Por outro lado, aumentou a minha preocupação, quando li o material sobre projetos e avaliação. Passei a refletir sobre a minha prática e penso que deva mudá-la, pois falta-me ainda objetivar melhor o trabalho e ter um "linha mestra" mais clara para que ele não se perca. De qualquer forma, vejo que esse estudo é muito importante para o desenvolvimento global de meus alunos e vou continuar me aprimorando para melhorar o aprendizado das crianças. Penso que estou no caminho certo.